penumbra
02 fev - 16 mar _ 2013
Na Galeria Raquel Arnaud, o pintor e professor de pintura da ECA/USP Marco Giannotti apresenta – Penumbra – exposição que reúne 14 telas de grandes formatos (2m x 2.50m) e de pequenos formatos (40 cm x 1m) feitas a base de têmpera, esmalte (spray) e óleo. Foram realizadas em 2012, após sua estada de um ano em Kioto, Japão, em 2011.
Penumbra é o ponto de transição entre a luz e sombra, trata-se de uma área iluminada a meia-luz. O artista retoma questões presentes já no seu mestrado em filosofia em 1993, quando traduziu parcialmente a Doutrina das Cores de Goethe. Na introdução do livro, o autor nos diz que as cores “são ações e paixões da luz”, ou seja, a cor nasce do embate entre luz e escuridão. Ao retomar uma concepção clássica, Goethe inaugura, por outro lado, uma interpretação fisiológica da cor, que passa a ter uma importância enorme para os pintores a partir do impressionismo. De fato, a teoria física sobre o fenômeno cromático não trata propriamente da percepção da cor, fundamental para a pintura.
Ao término da exposição, dia 9 de março, na galeria, o livro será lançado em sua terceira edição pela editora Nova Alexandria, desta vez com ilustrações coloridas, celebrando os vinte anos de sua primeira publicação aqui no Brasil.
Além da obra de Goethe, outro ponto de partida para esta exposição é Em louvor da sombra, de Junichiro Tanizaki, célebre escritor japonês do século XX. Nesta obra, o autor afirma que o aposento japonês é comparável a uma pintura monocromática a sumi, (tinta a base de nanquim em gradações de preto e branco) em que os painéis (shoji) correspondem a tonalidade mais clara e o nicho (tokonoma) à mais escura. Ele lamenta a introdução da luz elétrica no Japão, analisando como mais um elemento ocidental exógeno que vem a desconfigurar a cultura Japonesa.
Por fim, outra referência importante que deve ser levada em consideração é a obra Shadows de Andy Warhol, feita em homenagem ao pintor metafísico Giorgio de Chirico após sua morte em 1978 e atualmente presente no Dia Art Foundation. Trata-se talvez da obra menos pop do artista, que flerta com a abstração e uma dimensão mais metafisica da pintura.
A exposição de certa forma representa também uma síntese de duas exposições anteriores do artista Passagens realizada em 2007 na Pinacoteca do Estado e Contraluz, feita em 2009, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud. A relação entre a arquitetura e a cor é um tópico recorrente deste artista, desde 1993, quando fez uma exposição intitulada fachadas no Masp e uma sala vermelha no arte cidade de 1994.