julio villani – estratégias obliquas
08 jun - 06 ago_2016
Julio Villani apresenta no segundo piso da Galeria Raquel Arnaud cerca de 10 obras entre pinturas, esculturas e desenhos produzidos de 2013 a 2016, que revelam sua maestria em lidar com a linha.
O título da mostra, “Estratégias Obliquas”, provém de um jogo elaborado pelo músico Brian Eno e o artista Peter Schmidt, uma espécie de i-ching destinado aos artistas. Cada carta contém uma prescrição ou frase enigmática: “Mude a função dos objetos” “Sempre os primeiros passos” “Pergunte ao seu corpo”. Se Villani, que foi aluno de Schmidt em Londres, vale-se do título, é à uma das cartas que se refere mais particularmente aqui: “Repetição é uma forma de mudança” (no original: Repetition is a form of change).
Quadrados Moles, uma de suas mais recentes produções, é uma escultura de base quadrada, composta por onze arestas, cuja estruturação lhe permite adotar diversas formas. “Um desenho rígido transformado em objeto maleável”, diz o artista. A totalidade da edição é apresentada lado a lado, saltando do plano horizontal para a parede, a tal ponto diferente à cada vez que nos faz crer que são elas esculturas distintas. A repetição é aqui decididamente uma forma de mudança.
Três pinturas (acrílica sobre telas) em grande escala revelam o apuro de sua geometria, mas são os seus desenhos selecionados para a mostra que evidenciam a essência de sua linguagem. Os desenhos trazem linhas verticais e diagonais que se equilibram no espaço. Apresentadas em sequência, denotam a intenção da variação sobre um mesmo tema: “arquiteturas do colapso”, diz Villani. A ideia de desequilíbrio permeia os trabalhos, de tal forma que, para o artista, a retirada de uma linha poderia levar ao desmoronamento de toda a estrutura.