carlos zilio_ tamanduá em queda
12 mar - 23 abr_ 2022
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A figura do tamanduá presente em todos os trabalhos da mostra, remonta a vínculos afetivos do artista.
Seu pai quando criança no inicio do século XX em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, possuía um tamanduá mirim como bicho de estimação. Em certa ocasião teve de viajar e o tamanduá, irrequieto com sua ausência, parou de comer. Como era de costume do animal, ao descer a escada pelo corrimão, enfraquecido, acabou batendo o focinho e morreu.
Quando o pai de Zilio faleceu em 1986 esta narrativa surge em seu trabalho e o tamanduá aparece em algumas pinturas da época para retornar com ênfase a partir de 2006. A falta do pai e a vivência do luto, se expressava na nostalgia de uma proximidade com a natureza que a civilização perdera.
Walter Benjamin assim se refere a um quadro de Klee intitulado Angelus Novus:
“Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de fatos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que incessantemente acumula ruinas e lhas lança aos pés. Ele gostaria de parar para acordar os mortos e reconstruir, a partir dos seus fragmentos aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que se enrodilha nas suas asas, E que é tão forte que o anjo não consegue fechá-las. Esse vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta as costas enquanto o monte de ruínas cresce à sua frente e cresce até o céu. Aquilo que chamamos de progresso é este vendaval.”
O tamanduá, assim como o anjo, está sempre em queda, não olha para trás, mas fixamente para a frente, carregando consigo este sentimento abismal da história
Alguns trabalhos intitulam-se “Tamanduá Rothkiano“. Nestes casos uma outra camada de passado se torna presente nesta arqueologia pictórica. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente cumplice daquilo que o artista quer expressar.
Exposição: Tamanduá em queda
De 12 de março a 23 de abril de 2022
Telefone 11. 3083-6322, e-mail info@raquelarnaud.com
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena
imagens da exposição