carla chaim- pesar do peso
26 nov - 20 dez_2014
Composta por diferentes suportes como desenho, fotografia e escultura, as obras recentes de Carla Chaim na mostra Pesar do Peso ocupam o térreo da galeria. Em todas essas mídias, a artista estabelece um diálogo entre o corpo e formas básicas geométricas. As obras evidenciam a dicotomia existente entre o corpo, orgânico em movimento, e as formas duras e estáticas dos desenhos e de peças que parecem ora flutuar, ora pesar no espaço.
Nesta exposição, segundo Chaim, o corpo se mostra como agente do trabalho de arte, surgindo como personagem que se transforma em esculturas e volumes. Já os desenhos insinuam o corpo como agente inicial e, no processo de feitura, aparece como agente primordial. Alguns são construídos com grafite em pó sobre papel, matéria primeira de desenhos, rascunhos e anotações. Eles falam do próprio processo de construção de planos, e quase se transformam em esculturas, ou desenhos tridimensionais, pela sutil dobra do papel.
Para o crítico Cauê Alves, que assina o texto expositivo, “a discussão da noção de corporeidade fica mais explícita nas fotografias em que a superfície do corpo da artista, em escala real, surge parcialmente coberta pelo mesmo papel japonês de outros trabalhos. Mas nele as dobras retas claramente não se adaptam ao corpo em movimento da artista e, aos poucos, dão lugar aos amassados. A impossibilidade de encontrar uma sincronia completa, um encaixe perfeito entre o corpo e as dobras do papel, resultam em imagens em que os movimentos dos braços e pernas são limitados pela geometria. Mas ao se aproximar da dança, é como se a artista elevasse ao grau máximo a expressividade que uma folha retangular desenrolada pode adquirir. O conflito entre o corpo humano e o corpo do papel se resolve na constatação da origem orgânica em comum compartilhada por ambos”, afirma.
Na série “Queda”, o conceito de desenho e de escultura se fundem tanto nos materiais quanto nos diálogos que a artista cria entre as obras e entre a arquitetura da galeria. O plano bidimensional e o tridimensional se confundem entre o processo inicial e o resultado final da obra. Eles coexistem do início ao fim do processo, se transformando em “desenhos tridimensionais” e “esculturas bidimensionais”.