Por que arte abstrata? Auto afirmação, materialidade e discurso: as várias facetas da abstração

Segundo Clement Greenberg, a arte abstrata seria o auge da arte moderna, definida pela auto afirmação de suas características específicas. A abstração toma o fazer artístico como uma opacidade – ela não pretende apenas afirmar suas diferenças, mas investigar as possibilidades do material quando este não é empregado na “mimesis” 2 .

Com operações conceituais, Carlos Nunes registra sistematicamente as dinâmicas energéticas dos materiais em desenhos, objetos e instalações – a vida de um giz de cera quando arrastado e submetido a variações de pressão sobre o papel ou do gás preso em uma garrafa de Coca- Cola, que se desprende e dá forma a uma bexiga.

Nas obras de Carlos Cruz-Diez, a repetição de linhas, de retângulos, em jogos de cores, promove um efeito de ilusão óptica, o que leva o observador de volta à própria percepção, enquanto revela no mundo uma capacidade de enganar o olho, o que exige um posicionamento crítico em relação aos próprios sentidos.

Na década de 1960, Carlos Zilio se aproximou de correntes que propunham uma revisão radical da cultura brasileira, como o concretismo e o neoconcretismo. A investigação material e pictórica é uma característica de sua produção hoje, que ainda guarda a discussão sobre o nacional. A imagem depurada do tamanduá-bandeira, onipresente em sua obra recente, traz algo dessa orientação política na prática da pintura.

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texto de Caio Bonifacio (2022)