Obras disponíveis
Biografia
würzburg_ alemanha_ 1961_ vive e trabalha em stuttgart_ alemanha
Os trabalhos de Wolfram Ullrich erigem-se sobre um processo de planejamento conceitual e um árduo trabalho manual de precisão, além de estabelecerem diálogos com os fundamentos da arte concreta, como o significado da cor definido apenas por ela mesma, a forma que obedece às leis da geometria e a relação direta entre o corpo e sua materialidade e plasticidade. No entanto, Ullrich vai além ao criar volumes e estruturas que parecem escapar das paredes, desafiando noções de perspectiva e de ilusão. Feitas de matéria rígida, como aço ou acrílico, as superfícies monocromáticas de Ullrich são testemunhas não somente da própria materialidade inabalável, mas também dos fenômenos ópticos que submetem as obras à perspectiva móvel de cada observador e fazem com que pareçam flutuar no espaço.
Wolfram Ullrich é graduado em Artes Visuais e Pintura pela Staatliche Akademie der Bildenden Künste Stuttgart (1986) e em História da Arte pela Universität Stuttgart (1985), ambas instituições da Alemanha, seu país natal. O artista começou a desafiar a lógica bidimensional da pintura e as políticas da perspectiva na década de 1980, época em que participou de suas primeiras exposições na Europa.
Dentre suas exposições recentes, destacam-se as individuais nas galerias Une (Suiça, 2012) e Denise René (França, 2011); e as coletivas “Mouvement et Lumière”, na Fondation Villa Datris (França, 2012); “Interferences,” na Fundação Vasarely (França, 2011); e “Beyond Painting”, no Museu Bohuslan (Suécia, 2009). Nos últimos anos, Ullrich foi premiado pela Fundação Messmer (Alemanha, 2010) e pela Fundação Helmut Kraft (Stuttgart, 2009). Seu trabalho é exibido regularmente nas principais feiras de arte, como Art Basel (Basileia e Miami), FIAC (Paris), Art Cologne e Zona Maco (Cidade do México). Desde 2013 o artista é representado pela Galeria Raquel Arnaud, que realizou a mostra “Planar” (2013), a primeira individual de Ullrich no Brasil.
Exposições
planar – wolfram ullrich
01 abr - 25 mai _ 2013
em movimento
16 ago - 19 out _ 2013
afinidades- raquel arnaud 40 anos
19 mar - 04 mai_2014
Textos
Uma cor que, no espírito de Theo van Doesburg, só tem significado por si mesma. Uma forma que obedece às leis da geometria. Um corpo que se relaciona diretamente com sua materialidade e sua plasticidade.
Eis os fundamentos da arte concreta sobre os quais se constrói o trabalho de Wolfram Ullrich. Para o artista de Stuttgart esses elementos são fundamentos importantes, mas não sagrados. Mesmo se as suas formas e cores são ‘concretas’, elas se referem a algo que está além; a forma plástica avança como uma superfície de cor sem sombra, os volumes tridimensionais fingem escapar pela parede e, simultaneamente, alguns pontos de fuga parecem abalar sua perspectiva.
Os trabalhos de Wolfram Ullrich referem-se a um ponto de fuga principal: o espectador. É sob seu olhar que eles revelam todos os efeitos, é aqui que eles se desdobram literalmente além dos seus limites e solicitam toda a atenção. Isso é particularmente verdadeiro nas obras compostas de vários elementos. Se tentamos analisá-las com base em suas formas globais para nos concentrarmos nos elementos distintos, observamos inevitavelmente sutis incoerências que Ullrich ajusta com precisão. Se, ao contrário, partimos de uma análise sintética dos diversos elementos para a forma global, as formas concretas desaparecem inevitavelmente. Os volumes começam a se contorcer de forma sistemática. Dependendo do ângulo de visão, ou eles são incorporados à parede ou sobressaem, torcendo-se, amolecendo e transbordando por cima dos estreitos sulcos de sombras, aproximando-se do espectador.
O rigor formal com o qual o artista cria suas obras apresenta perspectivas incomuns e traz uma nova dinâmica. O artista alinha as superfícies laterais brutas em aço escovado com a mesma precisão de seus monocromos em acrílico laqueado. Elas reforçam a plasticidade distorcida dos elementos e reduzem simultaneamente os jogos de sombras, de tal maneira que as formas finais parecem quase bidimensionais.
A dinâmica que mencionamos resulta desses antagonismos encontrados nos grandes formatos de Wolfram Ullrich, mas também em suas obras menores. Elas suscitam grande atenção, pois é com o mesmo rigor e a mesma sinceridade que seduzem o espectador. Elas são ao mesmo tempo cor e forma, corpo e matéria. Seu significado é claramente intrínseco, mas também deve ser buscado muito além, na diversidade de suas referências. Trata-se aqui de ilusionismo enfático, proveniente do espírito da arte concreta.