
Obras disponíveis

sérvulo esmeraldo _sem título_1990

sérvulo esmeraldo_dobra_2000

sérvulo esmeraldo_reflechissant_1972
Biografia
crato_ ce_ 1929-2017
Sergio Camargo é considerado um dos mais originais escultores brasileiros ligados à vertente construtiva, mesmo sem ter se filiado a seus grupos ou movimentos. Longe de ser essencialmente racionalista, seu trabalho escultórico emana certa organicidade, fruto da combinação de um número restrito de volumes geométricos, como cilindros, cubos e retângulos, que responde a um princípio de “geometria empírica”, como definiu o artista. Em suas composições tridimensionais, a atitude sistemática de junção de formas geométricas não impede que subsista um constante movimento de rompimento e rearticulação, animado pela incidência de luz sobre os volumes. A partir da década de 1970, Camargo passa a utilizar quase exclusivamente o mármore, cuja materialidade reage à incidência de luz de modo mais contundente, revelando, de maneira mais enfática, o aspecto dinâmico das composições.
Iniciou seus estudos em arte aos dezesseis anos, na Academia Altamira, em Buenos Aires, com Emílio Pettoruti e Lucio Fontana. Em 1948, viajou para Europa, onde fez o curso livre de Filosofia na Sorbonne, em Paris, e foi influenciado pelas obras de Constantin Brancusi, Georges Vantongerloo, Hans Arp e Henri Laurens. Entre 1961 e 1973, frequentou aulas de Sociologia da Arte com Pierre Francastel, na École Pratique des Hautes Études. Nesse período trabalhou em seu ateliê de Malakoff, em Paris, e junto ao ateliê Soldani, em Massa, na Itália. No final de 1973, retornou definitivamente ao Rio de Janeiro, onde iniciou a construção de seu ateliê no bairro de Jacarepaguá.
Além do Brasil, Sergio Camargo conquistou grande respeito no circuito internacional, tendo participado de exposições individuais e coletivas, além de realizar importantes obras para espaços públicos, como o Palácio do Ministério das Relações Exteriores (Brasília); Banco do Brasil de Nova York (EUA); Faculdade de Medicina de Bourdeaux (França); e Praça da Sé (São Paulo). Tem obras em museus nacionais e estrangeiros e integra conceituadas coleções privadas. Em 2000, nos dez anos de sua morte, Sergio Camargo ganhou um local de visitação permanente no Paço Imperial do Rio de Janeiro, com a reconstituição de seu ateliê de Jacarepaguá. Raquel Arnaud representa o artista desde 1975 e é responsável pelo Espólio Sergio Camargo desde 1990.
Exposições

simples como o triângulo_ sérvulo esmeraldo
21 jun - 18 ago_ 20212

french connection
27 out - 13 dez _ 2012

sérvulo esmeraldo | objetos nômades
12 ago - 28 out_2017
Textos
A importância de uma exposição na trajetória de um artista não é apenas a de reafirmar a sua presença e a continuidade de sua produção junto ao circuito a que ele pertence mas, especialmente, a de nos oferecer meios para reavaliar a extensão do seu trabalho, sua complexidade e suas ramificações.
Além de sua produção no campo da gravura e da escultura, particularmente aquela de escala monumental, a obra de Sérvulo Esmeraldo também se revela na criação de livros de artista, livros-objeto, esculturas cinéticas e pela sua atuação como agente cultural responsável por iniciativas curatoriais na cidade de Fortaleza. Essa exposição representa mais uma oportunidade de aproximação de uma obra pioneira em diversos aspectos e singular em sua abrangência, de uma produção rica e plural.
Em meados dos anos 80 o artista Eduardo Kac publicou um mapeamento cronoló¬gico das grandes vertentes e dos afluentes experimentais de uma arte de inspiração científica e tecnológica produzida no Brasil1. Por ele podemos notar o quanto o trabalho de Abraham Palatnik figurava de forma isolada no início dos anos 60. Mas para nossa surpresa a retrospectiva de Sérvulo Esmeraldo realizada em São Paulo no ano passado, apresen¬tava um objeto cinético intitulado O Escriba, uma caixa-dispositivo de 1962 onde diversas agulhas são movimentadas pela ação de forças magnéticas invisíveis, confe¬rindo a esse objeto uma performatividade única na produção artística brasileira da época.
Quando trabalhava como professor da Bauhaus, o artista húngaro Moholy-Nagy publicou um estudo intitulado “Os cinco estágios de evolução da escultura do ponto de vista do tratamento dos materiais”2, no qual ele afirmava que a evolução da escultura podia ser sintetizada da seguinte forma: do tratamento estático da massa ao movimen-to. No seu estágio mais avançado, o artista definia que a escultura cinética seria responsável não só pela inclusão do movimento real (e não mais representado) na dimensão da obra de arte, como também pela criação de “volumes virtuais” derivados desse cinetismo. A partir daí a escultura seria entendida como “o ponto médio entre o volume material e o volume virtual, entre a compreensão táctil e a compreensão visual da matéria”.
Neste contexto os Excitáveis de Sérvulo Esmeraldo, esculturas acionadas pelo espectador que estimula os elementos internos da obra pelo atrito estático, marcam a contribui¬ção desse artista ao movimento internacional da arte cinética por sua singulari¬dade e invenção, pela ausência de um motor elétrico como fonte de movimento repetitivo e regular. Nos Excitáveis “o corpo é o motor da obra”. Tal como O Escriba, eles são evidências artísticas de que os fenômenos que ocorrem no mundo físico têm a sua origem num mundo de dinâmica invisível. Ou como afirmou o artista, “(…) não posso evitar de pensar nas forças invisíveis que, por minha intervenção, foram de uma maneira ou de outra, alteradas.”3 Sérvulo adota uma “atitude artística diante da ciência” quando pesquisa e trabalha com a energia latente dos fluídos imponderáveis, com o magnetismo, ou ainda quando projeta criar um arco-íris com água espargida na região central de sua cidade. Seus Teoremas, esculturas lineares sem o relevo real, são construções geométricas que não se limitam apenas aos contornos de seu traçado material feito em aço, mas também se expandem pelo ambiente na forma de suas sombras. Com elas o lugar em que o trabalho se instala é delineado por linhas que atuam como extensões desmaterializadas da peça no ambiente. Volumes virtuais.