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Biografia

rio de janeiro_ rj_ 1961_ vive e trabalha em cascais_ portugal

www.fridabaranek.com

Frida Baranek trabalha predominantemente com escultura, mas também com desenho e gravura, técnicas com as quais a produção escultórica estabelece certa relação formal. Frequentemente utiliza materiais industrializados, como filamentos de ferro e aço, placas e vergalhões, muitas vezes oxidados, em contraste com elementos naturais, como pedra e madeira, tornando visível a contradição entre a impessoalidade da matéria e a delicadeza de suas esculturas. Em seu vocabulário formal, são reconhecíveis as estruturas que remetem a redemoinhos, emaranhados e até mesmo destroços, como os fios delgados de metal embolados e aparentemente frágeis, mas que no processo acumulatório criam volumes rígidos onde a matéria mais leve parece sustentar a mais pesada, revelando o interesse da artista por questões relacionadas ao equilíbrio e ao desequilíbrio. As esculturas de Baranek podem assumir configurações diferentes em cada espaço onde são remontadas, investindo-se de uma indeterminação morfológica que convida à participação.

Frida Baranek estudou escultura com João Carlos Goldberg e Tunga na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Formou-se em arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, em 1984. Cursou pós-graduação em escultura pela Parsons School of Design, em Nova York, e mestrado em Design Industrial na Central Saint Martins, em Londres. Mudou-se para Paris na década de 1990, em seguida para Berlim e, em 2002, para Nova York. 

Em 2013, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresentou a exposição “Confrontos”, uma retrospectiva do trabalho de Baranek. Participou de exposições na Bienal de São Paulo (1989); Bienal de Veneza (1990); Museu de Arte Moderna de São Paulo (1995,1988); Museu Ludwig (Alemanha, 2005), além de muitas outras. Faz parte de coleções públicas e privadas, como a coleção de Patrícia Phelps de Cisneros (EUA); National Museum of Women in the Arts (EUA); LEF Foundation (EUA); BusanPusan Metropolitan Art Museum (Coreia do Sul); Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo; Museu de Arte do Rio, entre outras. A Galeria Raquel Arnaud representa Frida Baranek desde 1990.

 

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Textos

Em Mudança de Jogo, pode ser tomada como um sinal de transformação a ausência dos elementos metálicos que se tornaram característicos da obra de Frida Baranek. Contudo, muitos dos materiais que constituem as novas esculturas foram por ela usados anteriormente. Em verdade, seu trabalho tem usado matérias dos reinos mineral, vegetal e animal processadas, como o pó de mármore e as peças de borracha, feltro e couro, ou conformadas como artefatos — neste caso, varetas e bambolês de vidro, sacos de cânhamo, corda de sisal. A diferença agora é menos a variedade e mais a simultaneidade com que ela os experimenta e expõe. O que, significativamente, faz lembrar o início de sua trajetória.    A persistência também pode ser notada em um componente comum à escultura feita de corda e à gravura: o emaranhado, um símbolo da tensão entre o amorfo e o estruturado que tem perpassado sua poética. Nesse sentido, vale observar que recentemente ela começou a apresentar lado a lado suas experimentações nos domínios escultórico e gráfico — outro indício de experimentações concomitantes e interconectadas.    Novidade ainda é a cor, que, embora tenha precedentes em sua obra, aparece agora de modo inusitado. Mais do que a diversidade cromática nas peças e entre elas, importa que cada uma e a série se estruturem também a partir dos diálogos entre os tons próprios aos materiais.    Entretanto, o maior signo de mudança é a indeterminação morfológica das esculturas. Até aqui, algumas de suas peças podiam assumir configurações diferentes ao serem remontadas. As obras desta série não estão definitivamente conformadas pela artista, podendo ser reestruturadas quase infinitamente de acordo com os elementos e as regras por ela estabelecidos.    Derivada de uma reflexão sobre seu fazer e de uma vontade de maior participação do outro, a indeterminação é enfrentada de modo lúdico. Como em outras de suas obras, ela parte de objetos do mundo: o bambolê e o jogo Pega Varetas, rememorando brincadeiras infantis. Vazios e buracos, permeabilidades e articulações também sugerem possibilidades de manipulação e rearranjo das peças. Memória e experiência que indicam obras em aberto, mas nem tanto.    As regras, assim como certas particularidades das peças, ao mesmo tempo viabilizam a ação e lhe impõem limites. O jogo é tenso, apesar da sedutora sensorialidade material, cromática e formal. Na passagem do mundo infantil ao da arte, os brinquedos se tornam objetos disfuncionais e um tanto perigosos. Delicados, quebráveis e possivelmente cortantes, bambolês e varetas instigam o corpo a corpo, mas oferecem resistência. Elementos pontiagudos, contorcidos, perfurados e tensionados, asperezas e lisuras, redução a pó — nesta série, não faltam signos que conjuguem beleza e crise, prazer e dor.    Mais do que a capacidade de, ao mesmo tempo, afirmar e renovar uma singularidade artística, o jogo de opostos, de permanências e alterações, é uma expressão de vitalidade. Não apenas as alusões corpóreas fazem pensar na dimensão humana e existencial dessa série. Afinal, joga quem vive. E a vida pode ser entendida como um jogo de continuidades e mudanças por estruturar.

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