takashi fukushima_ ‘xilogravura, uma experiência em tóquio’

27 jun_1991 - 27 jul_1991

takashi fukushima_ ‘xilogravura, uma experiência em tóquio’

Os trabalhos aqui apresentados são o resultado de uma pesquisa realizada no segundo semestre de 1990, quando fui convidado pela Fundação Japão para trabalhar no departamento de gravura da GUEIDAI – Universidade Nacional de Artes e Música de Tokyo. O supervisor do departamento é o professor e gravador Tetsuya Noda que já representou o Japão em duas Bienais de São Paulo. Por ter gostado da minha proposta de pesquisa. Noda acompanhou e orientou meu trabalho durante o estágio no Japão.

O tema da pesquisa era:

 

“O uso de técnicas xilográficas para uma proposta contemporânea”

 

A intenção inicial para este projeto na GUEIDAI era a de melhorar meus conhecimentos no que se refere às técnicas tradicionais de gravura em madeira e desenvolver um trabalho formal. Mas este estágio foi, mais que uma pesquisa, uma real experiência de trabalho junto a artistas professores e estudantes de arte, envolvendo vários workshops(¹). Como resultado deste processo, após um mês de curso intensivo, realizamos uma mostra na universidade expondo obras executadas com técnica de gravura em madeira sobre washi(²).

Outros trabalhos foram realizados usando-se a técnica tradicional do baren(³) e também através de uma prensa cilíndrica para impressão.

Estou levando comigo para São Paulo todas estas provas de impressão, para incorporá-las ao estágio atual do meu trabalho.

Tokyo, 11 de Janeiro de 1991.

(texto extraído do relatório enviado à Fundação Japão em Tokyo)

Repensando a gravura

O que caracteriza a gravura, além da técnica de impressão, é sua edição que possibilita a multiplicação da imagem e conseqüente redução do custo de seu valor unitário.

Senti que no Japão, talvez pela tradição técnica da produção artesanal de gravura em madeira, ela adquire de certa forma características de obra única, o que faz com que seu custo se equipare, muitas vezes, ao de uma obra tradicionalmente única, como a pintura.

Isso me fez refletir sobre a técnica que pesquisava e a função de se multiplicar as imagens. O ideograma ki que representa uma árvore desenhada lado a lado lê-se hayashi=bosque, desenhada três vezes shirin=selva. À partir deste raciocínio, desenvolvi algumas imagens que seriam usadas na montagem de outros trabalhos, dispondo da matriz como um instrumento de desenho. Desta forma foi criada a imagem do Edifício que alinhados tornam-se “Cidade” ou a gravura “Blueprint” montada a partir de uma tiragem de nove cópias para formar o mapa do trem circular de Tokyo

 

São Paulo, 29 de Maio de 1991.

Takashi Fukushima

 

imagens da exposição