persistência e variação
28 fev - 31 mar_2018
A Galeria Raquel Arnaud inaugura a sua agenda 2018 com a exposição coletiva Persistência e variação. Com curadoria de Tiago Mesquita, a mostra reúne um conjunto de obras de cada um dos dez artistas participantes. São repertórios que, em comum, exploram um mesmo tema e procedimento de forma repetitiva e aprofundada. Como dizia o poeta Manuel de Barros, “Repetir, repetir – até ficar diferente. Repetir é um dom do estilo”.
A exposição revela o raciocínio destes artistas e como conseguem pequenas variações utilizando os mesmos elementos. “Vemos o encontro de sentidos simbólicos no uso de figuras mecânicas no trabalho de Carlos Zilio, uma tridimensionalidade complexa em Elizabeth Jobim, e a variação da cor em uma estrutura tão simples como a das pinturas de Cassio Michalany. Já a constância, presente em algumas questões de artistas como Fábio Miguez, Daniel Feingold, Célia Euvaldo, Iole de Freitas, Rodrigo Bivar, Geórgia Kyriakakis e Waltercio Caldas, reforça a insistência no caráter reflexivo da obra de arte”, afirma o curador.
Segundo Mesquita, a avalanche de representações, opiniões e informações da sociedade atual se coloca como sucedâneo da experiência. “A arte muitas vezes entra no jogo, dedica-se a responder questões exógenas a ela, pautadas por redes sociais, mercado e convicções. Assim, a criação sucumbe a uma apreensão fácil do mundo. Persistir em trabalhos nos quais a experiência não se oferece de maneira tão simples significa um esforço importante”.
O curador aponta ainda que a história da arte perderia muito se alguns criadores como Giorgio Morandi, Josef Albers e Piet Mondrian não buscassem uma depuração estética. Ressalta ainda Mesquita que essses mestres abandonaram o que não parecia essencial para atingir um fulcro em suas linguagens. “A busca por uma linguagem mais sintética apontava para o fim da sociedade tradicional, baseada em posições fixas. Esse futuro parece ter sido ultrapassado, para o bem e para o mal. A relação da arte com esse repertório sintético tem hoje outro sentido, que merece reflexão baseada nos trabalhos desta exposição”, completa o curador.