geórgia kyriakakis_seca
09 fev - 23 mar_2019
Seca, individual de Geórgia Kyriakakis na Galeria Raquel Arnaud, reúne três séries de desenhos e duas instalações. Segundo a artista, são trabalhos que pulsam de seu próprio viver: “vulnerabilidade às turbulências, ilusão de estabilidade, impotência, irreversibilidade das ações, iminência do dano – que pode manchar o papel…desfazer uma instalação… ou destruir uma nação”.
Além de suscitar uma condição climática severa, relacionada a desertificação, aridez, esterilidade e rudeza, a palavra seca relaciona-se aqui, também, com materiais usados na produção das obras. Na instalação Arquipélagos, a artista dispõe pedras, cadernos de anotação, livros, mapas e outros objetos de trabalho sob uma mesa, cobrindo-os de pigmento em pó. Já nas séries inéditas de desenhos Área de Dispersão e Trabalho Sujo, Kyriakakis usa o pastel seco sobre papel de algodão, enquanto na também inédita Série Uma Zona, a artista usa grafite sobre papel. Em comum, os três elementos – pigmento, pastel seco e grafite – são naturalmente ressecados, desidratados e tornam-se pó.
Os títulos dos trabalhos – Arquipélagos, Zona de controle/segurança, Área de dispersão, etc, apontam ainda como questões geográficas, sociais e políticas influenciam a obra de Kyriakakis, algo presente em toda a trajetória da artista. Ao se apropriar de tais questões, Kyriakakis busca estabelecer aproximações e analogias com a atual situação política e social no Brasil e no mundo.
Quase não há cor nos trabalhos. Prevalecem o preto e o branco tanto nos desenhos sobre papel como na superfície aveludada criada com pigmento em pó sobre mesas de formas e tamanhos variados. A cor é uma presença sutil: ela pode estar soterrada, ser quase imperceptível, ou ainda ser ativada pela memória.