franz weissmann_

20 jun_ 1985 - 30 jul_1985

franz weissmann_

FRANZ WEISSMANN                                                                                 Paulo Herkenhoff

Perguntaram-me quem é Franz Weissmann. A resposta vem-me como presença silenciosa do homem que faz obras de silêncio. Ou de grito.

 

INQUIETUDE

Franz Weissmann é a contradição. Silêncio e grito.

Abandonar suas conquistas para reconquistar -se permanentemente como artista.

Como se necessitasse, todo o tempo, de (re) descobrir o mundo. O que era contradição,

sob o olhar mais profundo, será dialética. Entre a construção e a destruição, entre o corte e a

junção, Weissmann vive.

 

Escultor neoconcreto. Domínio da

Ordem, poética do cálculo. Ritmo do

módulo, conquista do espaço no

tempo.

 

E eis a marreta abrupta, esborrachando

a matéria, franzindo a chapa. Fixação do

acaso, conquista do momento no espaço.

 

A arte de Weissmann é como a vida. E como a vida, um convívio entre a harmonia/calculabilidade de suas leis e a comoção violenta de nascer.

 

Franz Weissmann, mestre-escultor do fenômeno do espaço. Um espaço que se faz cheio por que vazio. Escultura que se respire. Ar.

 

Sua escultura é como desenho no

vazio enquanto condição de funda-

ção do Espaço.

 

E eis seu desenho como se pusesse

no plano a matéria inexistente da sua

escultura.

 

Reativação da chapa/plano em obra/ escultura. Aparta em planos o que é uno e reúne em todo o que são partes. A cor unifica o todo.

 

MÉTODO

 

Cor e reincorporação

Fundir e refundar a matéria

Dobrar e recobrar o espaço

Retemperar o tempo.

 

Esta é a vontade de Weissmann que é síntese e condensação para ser escultura.

 

ANTROPOFAGIA

Os mitos clássicos de Kronos, Deus fundador, e Chronos, Deus do tempo – encontro e choque.

Ouranos, Kronos e Zeus. A tentative de parar o tempo em canbalismo e viôlencia.

 

TEMPO

O Tempo como um leque aberto por Weissmann, permeando a sua obra e apresentado em oredem aleatória pelo escritor. Sua obra flui como num vão de tempos do tempo.

 

Tempo IV

A força de um instante, marretando a linha de tempo, crava a efeméride na matéria. Momento.

 

Tempo III

Nasce do chão, organicamente, a torre-escultura que se vai verticalmente. Infinitude.

 

Tempo VII

O olhar se aprisiona, vai e se reencontra no desenho do fio/metal que se encorpa em vazio e se desenrola em epsaço. Circularidade.

 

Tempo VI

O modulo se repete. E se repete. E já na memória se repete. Sucessão para além do olhar que se esvai. Produção da Memória. Ritmo: ora continuidade, oraa descontinuidade.

 

Tempo VIII

Murilo Mendes: “Entre o instinto da historicidade e a atração da intemporalidade oscila a linha de Weissmann” (1963).

 

Tempo I

Brancusi e Max Bill. Mestres. Max Bill e Fontana, contemporâneos. Lygia Clark e Amilcar de Castro, compnaheiros neo-concretos e protagonistas. História.

 

Tempo II

Corte, fundição, dobradura. Operação da matéria, feitura da obra. Ato do artista e do operário. Duração.

 

Tempo IX

Recuperação para a escultura do sentido do verbo ser (e não estar no) espaço.

 

Tempo V

Tempo sagrado e mítico nos relevos marretados. Tempo e violência. Kronos e Chronos.

 

Tempo X

“O tempo não se reduz á sua medida: como a água não se confunde com seu peso, nem o espaço com seu volume, o tempo tem uma existência irredutível á sua duração” (Jacques Attali)

 

PESO

Qual o peso de um olhar acompanhando no espaço o ritmo infinito de uma torre/escultura interrompida que ali já não mais está?

 

A escultura devia nascer organicamete do chão. Plantar-se. Ou resignar-se ao peso de sua matéria ou á leveza de sua corr. Mas a escultura, se é gesto e agir, se é vazio e silêncio, não será mais leve do que o ar?

imagens da exposição