arthur luiz piza_gravuras/relevos/objetos

06 ago_ 1981 - 30 ago_1981

arthur luiz piza_gravuras/relevos/objetos

Vi brotar, e estou seguindo, o labor de Arthur Piza há mais de dois decênios, desde, quando moço, frequentava os cursos do Antônio Gomide. Jovem ativo, reflexivo, ansioso de se apoderar dos meios indispensáveis para se manifestar, distinguia-se entre os companheiros pelo modo de combinar a representação gráfica de um simples objeto posto para ser “copiado”. O entuasiasmo e o arguir diferente, aspiração de superar o circunstante cultural de uma cidade ainda não preparada para satisfazer ambições individualizadas , aquele desejo de sonhar e espraiar em territórios por tradição mais fervilhante de idéias, discussões, possibilidades e também desilusões e lutas, levam no a se transferir para Paris, meta de todos os pintores brasileiros, desde os tempos em que a Missão Francesa, guiada por Joaquim Le Breton veio, no começo do Oitocentos, impingir o sistema clássico às artes nacionais.

 

Na bulicosa Paris, apropriadamente apelidada pelo Abade Galiani de ” Café d’Europe”, Piza congregou á despreendida companhia dos batisseurs d’avenir, procurando sua vereda. E, como ofício a gravura, compôs paralelamente obejto-mosaico, um modo afim à gravura, esta por ele executada no graffage, seu veículo sígnico preferido, cônso à sua singular individualidade.

 

Tanto nas superfícies moduladas em corpudos relevos, quanto no côncavo de um suporte líneo em que ajeita minúsculos segmentos num suadente jogo compositivo, Arthur nos alegra com o recado da sua imaginação que persegue sutis aventuras formais, todavia moduladas num equlíbrio orgânico e organizado, que deixa transparecer o gosto de uma lógica matemática. Manipula suas matrizes de cobre num operar severo e possessivo, estimulante num gravar de signos bem marcados, numa técnica – entendida na definição platônica – sua própria, signo por signo meditados, esplendidamente ajustando o rico florescer de linhas e cores.

 

Piza reduz a um denominador comum mínimo os conceitos variadíssimos do imaginar, conseguindo nas suas pequenas ou amplas gravuras um grato resultado que transmite o prazer da novidade, apta a se juntar às novidades que se sucedem, depois dos primeiros gritos humans, para homenagear a espiritualidade que chamamos, genericamente, Arte.

 

P.M. Bardi

Diretor do Museu de Arte de São Paulo

 

*Exposição realizada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand e Gabinete de Arte Raquel Arnaud