arthur luiz piza_espaço em relevo
12 mai_ 1983 - 30 mai_1983
Aquele que esculpe o mármore e grava no coração mas que também imprime signos é, em latim, um “Piza sculpsit”. Conhece-se, é certo, sua obra gravada e esquece-se que ele trabalhou a matéria e é bom reencontrar suas esculturas para compreender melhor o processo, uma mesma escrita cerrada mas fluida, firme e suave como a aurora sobre claros relevos ainda adormecidos.
Saberá Piza onde está indo? Basta-lhe entalhar os signos para desafiar o tempo, trabalhar indefinidamente com um buril preciso, ferir a casca, animar a pele das coisas para que surja enfim na superfície da terra o longo trabalho dos abismos. Como as tabuinhas acadianas, como um novo alfabeto Braille, tantas mensagens cujo significado escapa ap artista; porém, mais que o código, o que importa é a escrita em si, esse jogo extremamente limitado de signos e conjuntos constantemente retomado, até a obsessão, sem por isso implicar repetição ou monotonia. O que importa é a simplicidade táctil do estilo, o rigor de uma poesia para ser tocada, música austera da sombra e da luz. Assim, Piza percorre o espaço do sonho e o entalha com suas constelações. Ele alinha seus declives brancos para a assembleia dos clarividentes.
François MATHEY