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04 mai_1995 - 04 jul_1999

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A Memória de Outro 

Anna Maria Maiolino, nesta exposição, continua elaborando os processos resultantes da ação do gesto na execução de formas básicas, amassando, modelando no tamanho da mão 

na repetição: igualdade/diferença. 

Este obras são continuações de trabalhos anteriores (1991 e 1993) onde a intuição na multiplicação do amassar, do moldar, procura a confirmação de uma identificação, como já disse a artista, e mais ainda, a possibilidade do não/erro. 

A extensão da ação do trabalho é uma busca, uma procura da potência onde a obra vive. 

Sua multiplicação se fixa na memória do espectador nos gestos postitivos, agora ausentes nas obras: Sombra do Outro, É o Que Falta e Ausentes (1993 – 1996).

Estes trabalhos são sólidos/ocos, resgatam o negativo do processo de moldagem: a matriz, normalmente esquecida e descartada. Aqui ela é revalorziada dando ênfase às suas propriedades geradoras, ao espaço vazio, onde a memória do outro existe na sua falta: o Positivo-presente na ausência.

Anna Maria Maiolino retorna agora às mesmas questões e preocupações com o Espaço/Negativo , diferentemente elaboradas das obras de 1970: Desenhos-Objeto, Os Buracos e Mapas Mentais. Nessas séries, através de cortes, dobras, e rasgos, existe a 

tentativa de fazer ativo e pariticipante o avesso do papel, o Negativo, agora diferentemente 

construído no trabalho de moldagem. O vazio produzido com o rasgo da superfície se transformou em Corpo/Oco.  

Anna Maria Maiolino completamente esta exposição com obras realizadas em Positivo, demonstrando que no processo de moldagem tanto o Positivo quanto o Negativo são imprescindíveis e necessários à sua realização. 

A exposição é acrescida ainda com uma nova experiência: a cerâmica, o RAKU, utilizado na série Ainda Estes. Esta obra é composta de múltiplos positivos de argila cuja relação-matéria se dá através da ação da alta temperatura do fogo com os elementos: água, terra, e ar. É a relação desses elementos que dá o resultado final à obra. 

Anna Maria optou pelo não revestimento do esmalte nas esculturas, deixando assim ás labaredas do fogo completar com sua ação o trabalho, fixando suas marcas na superfície. 

Mais um vez Maiolino volta a trabalhar numa interrelação, de afeições dos materiais e de natureza. 

 

Esther de Emílio Carlos 

Rio de Janeiro, janeiro de 1997