50 anos_ galeria raquel arnaud
22 fev - 25 maio_2024
Curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e Marina Schiesari
Ao longo das últimas décadas, poucas pessoas foram tão ativas em prol dos artistas e da arte brasileira quanto Raquel Arnaud. A exposição que celebra seus cinquenta anos de atividade oferece a oportunidade única de mergulhar na história das diversas galerias que ela fundou e dirigiu, das exposições que organizou e dos eventos que viabilizou nesse período. Raquel é apaixonada pelo que faz, sua relação com a arte nunca foi superficial, tem gostos claros, consolidados e definidos ao longo dos anos, que conferem a sua galeria um caráter pessoal e imediatamente reconhecível, algo cada vez mais raro. São emblemáticos, nesse sentido, o engajamento e a defesa da memória e do legado das vertentes construtivas da arte brasileira, que a levaram a fundar, há mais de vinte anos, uma instituição pioneira como o IAC – Instituto de Arte Contemporânea. Por outro lado, olhar para o conjunto da sua trajetória permite também entender os caminhos que levaram a essa clareza, ver a generosidade e a abertura que marcaram seu trabalho ao longo do tempo.
A partir dessas considerações, a exposição foi concebida como uma linha do tempo que registra, tão sinteticamente quanto possível, as atividades das galerias geridas por Raquel ao longo da sua trajetória. Essa linha é o único elemento da exposição que busca ser completo: tudo que orbita ao redor dela (documentos de vários tipos nas paredes; obras no centro da sala) deve ser entendido como meramente metonímico, quase um reflexo, parcial e fugaz, do que Raquel, suas equipes e inúmeros artistas, brasileiros e estrangeiros, fizeram ao longo desses anos todos. Há quase uma contradição, consciente e proposital, em colocar a ênfase da exposição na trajetória de Raquel, porque as obras de arte sempre foram a coisa mais importante para ela. Mas pareceu pertinente que, por uma vez, depois de cinquenta anos, a atenção se voltasse não para as obras, mas para a galerista e os artistas que, juntos com ela, escreveram um capítulo tão significativo da história da arte brasileira.
Jacopo Crivelli Visconti