Na década de 1970, Iole de Freitas desenvolveu um trabalho que aliava discussão do corpo e do movimento às investigações de potencialidades das câmeras fotográfica e de vídeo. Sua produção gerou uma certa poética do gesto – aspecto da obra que cativou a crítica feminista estadunidense Lucy Lippard.
Em sua produção mais recente o corpo ainda aparece, com seu movimento e sua organicidade transferidos aos materiais industriais, carregados de movimento expressivo. De sua formação em dança, Iole carrega uma intenção de fazer com que os tecidos e os metais também dancem, que o espaço se movimente, que a leveza tenha os dois pés no chão, na matéria.
A obra de Julio Villani estabelece relações com correntes internacionais como a arte abstrata, o surrealismo e o dadaísmo. As formas, a interação dos materiais, lembram muito a produção de Hans Arp, focada no irracionalismo que fundamentava a racionalidade das máquinas.
Seus desenhos/pinturas restituem uma temporalidade muitas vezes recusada à produção em artes visuais. Com as aplicações de tinta a óleo sobre papel, Villani abre a obra à transformação temporal, visível pela expansão do óleo no papel, formando manchas escuras ao redor das formas geométricas. Assim também evidencia uma duplicidade: a presença da transformação orgânica em formas supostamente duras e estéreis.
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texto de Caio Bonifacio (2022)