eiji suzue_
13 mar_2000 - 08 apr_2000
Figura transparente, buscada ou surgida de um
processo de nadificação
Uma forma em precário equilíbrio, ameaçada de
desaparecer e que tenta declaradamente aproveitar
todas as suas chances. Forma que aparece aqui sem
parar , erodida na sua borda. Forma em movimento
que contém, cada vez, o aparecimento e o
desaparecimento. Quando tentamos perceber, a
consciência se aglutina e vai buscar o objeto.
O objeto bem para ser recebido, sacudido pelas
radiações definidas.
Ela aparece como uma palavra em movimento – ela
é também ameaçada na permanência pelo nada (por
exemplo, ela não tem apoio no espaço), em diversos
níveis, desde a vibração da emissão da voz até a
definição do sentido ou como um sinal. Mas ela
desaparece sem deixar traço.
Ela lembra uma forma aleatória criada pelas ações
internas. Aqui, encontramos um meio que recebe ao
mesmo tempo em que é recebido
Assim, num espaço entre o que é recebido, entre
o que desaparece e o que aparece no campo do
movimento da visão, numa interseção da visão entre
o que vai e o que volta, num espaço onde as
ações surgem imperceptivelmente, eu coloco uma
membrana transparente.
SUZUE Eiji
…a natureza sempre fornece ao artista o trampolim para as suas experiências e, já que se trata de um japonês que mantém uma relação espiritual e visceral com ela, também a posteriori. É o caso de Eiji Suzue que, a partir de fragmentos de madeira, e também de caixas transparentes em resina acrílica, de gazes, plumas, ferro e pequenos cilindros, concebe suas montagens, ou melhor, suas instalações onde elementos meticulosamente repartidos estabelecem um diálogo gerado por uma idéia subliminar e filosófica, consubstanciada sobre o aleatório e o transitório.
Nem manifesto ecológico, nem declaração, já que há por trás dessas instalações corroídas pelo tempo uma emoção contida, a obra de Eiji Suzue nos questiona em diversos níveis da nossa consciência e dos nossos sentidos.
Gerard Xuriguera
Fragmentos do artigo publicado na revista “Demeures & Chateaux” nº1, 04, fevereiro de 1998.