frida baranek_

07 jul_1990 - 06 set_1990

frida baranek_

A relação com o espaço é a essência do cogitar tridimensional na expressão criativa de Frida Baranek. Simultaneamente, o material se impõe de modo impositivo por sua agressividade, captada a primeiro impacto. Catastrofista pela utilização de elementos conotativos de uma sociedade industrializada, a “assemblage” desconstrutivista preside suas instalações vitais em sua espacialidade: pedra (granito ou mármore), chapas de ferro, vergalhões e arames oxidados compõem seu vocabulário de discurso veemente na aparência puramente intuitivo. A artista respeita o material, o que é perceptível na aceitação implícita de sua marca intocada nos reduzidos materiais selecionados. Esta jovem artista forma, neste despontar dos anos 90, junto a outros brasileiros de mesma linhagem, como se pode afirmar pela propostas de Nuno Ramos e Karen Lambrecht deste momento.

 

A um segundo olhar, entretanto, a linearidade do desenho parece se insinuar através da transparência da “massa” tridimensional explicitando a manipulação que ela opera com seus materiais adequando-os à sua proposta. Frida Baranek “concebe a imagem”. Como diz, antes de realizar sua instalação, mas mentalmente em primeira instância. No entanto, o gestual do desenho é visível em seu trabalho, fruto de experiências passada, disciplina de exercícios que se mantém embora hoje como meras anotações, a revelar formas/planos como um penetrável que se transpõe pelo olhar através do emaranhado do aramado oxidado. Uma poética se evidencia, assim, com intensidade e leveza, nestas instalações surpreendentes. Aqui, o equilíbrio – nele implícito a estrutura – a espacialidade e o linear se combinam em aparentemente insólita confrontação de instigante sensorialidade.

 

Aracy Amaral

São Paulo, abril 90