“Mimesis” é um conceito presente na obra de diversos filósofos que se debruçaram sobre as questões da arte desde a antiguidade grega. Essa palavra pode ser traduzida como reprodução ou imitação, e foi muito utilizada para se referir ao aspecto representacional da obra de arte.
A principal característica da arte abstrata é negar a imitação. Como uma consequência disso vem sua honestidade material: se não é permitido imitar, não se pode fingir, por exemplo, que a tinta a óleo é outro material, como mármore ou vidro.
Mesmo na fotografia isso aparece. Na obra de Rômulo Fialdini, por exemplo, as imagens são sempre atravessadas pela técnica fotográfica que não se disfarça. O enquadramento estranho das cenas, fragmentando corpos e objetos, e o contraste intenso reforçam a artificialidade das imagens.
Sobre os trabalhos fotográficos de Ding Musa, o crítico Tadeu Chiarelli comentou: “Aqueles céus não são flagrantes fotográficos, são fraudes que propiciam o estranhamento da ‘verdade’ fotográfica.” As montagens, as experiências com reflexos, são formas de evidenciar a fotografia como uma técnica opaca, não transparente, e a imagem como uma construção – essa imagem que, no fim, não parece mais fotografia.
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texto de Caio Bonifacio (2022)