tectônicas

02 ago- 29 ago_2014

tectônicas

Tectônicas é o título da exposição que a artista Geórgia Kyriakakis realiza no primeiro piso da Galeria Raquel Arnaud. As seis séries de trabalhos que compõem a mostra são resultado de uma recente viagem da artista à Patagônia, cujas paisagens e condições climáticas serviram como fio condutor para a produção das obras reunidas. São fotografias, esculturas, desenhos e instalações que revelam a recorrente influência das questões geográficas na obra de Kyriakakis, das quais ela se apropria para evidenciar frágeis relações de equilíbrio, instabilidade e transitoriedade em seu trabalho e no mundo.

Segundo Paula Braga, que assina o texto da exposição, Kyriakakis escolheu como tema de investigação um fenômeno básico e regulador de todos os ciclos do que é criação artística ou natural: as forças de desequilíbrio e equilíbrio. “A exposição Tectônicas é um tratado sobre forças invisíveis: a força criadora, a gravitacional, e acima de tudo forças vitais de resistência”, completa.

Entre os trabalhos, a série Equador evidencia os elementos geográficos, além de trazer a noção de força que tanto interessa à artista. Como explica Braga, “valendo-se de elementos gráficos de representação da superfície da Terra – mapas, legendas, pontos, palavras – este trabalho cartografa o equilíbrio”. Nesta obra é preciso distribuir o peso dos imãs na superfície de placas de ferro para magneticamente manter a linha do Equador na posição que tradicionalmente a conhecemos, passando por três cidades do planeta: Macapá no Brasil, Macowa no Congo e Pontianak na Indonésia.

Na série Vidros, duas placas de vidro são presas na parede por furos localizados no meio delas, de modo que sua posição final se dá pelo equilíbrio das mesmas após girarem naturalmente no ponto fixo. Após essa etapa, a artista aplica sobre os vidros tortos fotografia com paisagens da Patagônia, tomando o cuidado de manter a linha do horizonte paralela ao chão. “Nesta obra está a síntese da relação conflituosa entre desmoronamento e equilíbrio: aprumar-se requer adaptação ao ângulo de inclinação do plano de apoio, e exige uma certa movimentação tectônica, invisível, interna, tanto na arte quanto na natureza e portanto na vida”, explica Braga.

Ao mesmo tempo em que a obra de Geórgia Kyriakakis parece sentir atração pelo risco, pelo desequilíbrio, sempre oferece uma possibilidade de estabilidade. “A obra constitui-se no processo de conciliar a atração pelo caos do desmoronamento com a satisfação da necessidade de sentir que tudo está no eixo”.